sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ser informado e ter opinião, qual a intersecção?

Certa vez, na rua, fui abordada por uma pessoa fazendo aquelas entrevistas repentinas de uma única pergunta para os cidadãos que cruzassem o caminho dela. Seguida por um outro alguém, que levava uma câmera, e fora mais que coadjuvante, ela queria saber a importância de se ter uma opinião. O equivalente a uma metaopinião. Fiquei um pouco em dúvida e, na época, com dezessete aninhos, hesitei, enrolei e acabei por dar uma resposta na qual eu falava qualquer bobagem e consciente que eu me arrependeria caso visse, futuramente, esta cena.

Esse episódio foi o equivalente a me perguntar sobre a importância de ter, ou formar, uma "opinião instantânea". Pois, confesso, não sou rápida para nada, nem mesmo para fazer coisas que não é preciso pensar. De qualquer forma, deixo claro que admiro aqueles que nos hipnotizam tamanha retórica em situações assim.

E assim foi. Passaram-se uns bons anos e eu ainda continuo pensando nisso. Seria a minha lentidão inerente?

Talvez não tenha chegado a uma resposta tão precisa, sintética, do jeito que o mundo é hoje e, acredito, do jeito que a repórter queria. Mas comecei fazer outras perguntas sobrepostas àquela que lá iniciou. Como, por exemplo: "Você é bem informado?" - pergunta que, para mim, não quer dizer nada. Respondo, "depende"...

Quem sabe, ao juntar tudo numa pergunta maior: "Você é alienada?". E seria essa a que eu melhor responderia, sem titubear: "Sim". Não por escolha, mas sim por condição, caso quisesse complementar.

Sobre o que eu preciso ter uma opinião e estar informada? Sobre a guerra na Líbia? Quantos livros José de Alencar escreveu e sua influência no romantismo brasileiro? Como se formaram os continentes e os oceanos? Quais os melhores alimentos para a memória? Se o índice de violência em São Paulo aumentou? Qual broca utilizar em cada tipo de material? O que é característico na música barroca? Qual o impacto da crise econômica estadunidense na economia global? E a importância de descartar corretamente o lixo reciclável? Como abordar uma pessoa em um assalto? Qual o último processador lançado pela Intel? O Acaso existe? São muitas dúvidas, e, além disso, eu posso "atacá-las" sob infindáveis pontos de vista, ou abstrações, que deve dizer muito sobre as pessoas, indivual e coletivamente.

Nas opiniões que forneço por aí, acho que não sou pessimista, nem otimista, nem realista. Sou alienada. Para ser sincera, depende; contrariando o que eu teria dito para a pergunta da entrevista hipotética, há 15 minutos.


Um comentário:

  1. hauhauhauhauha! muito, muito bom, Mah!!!
    Odeio entrevistas instantâneas. Esses dias perguntaram pra mim o que é arte. Assim, na lata e com uma câmera na mão.
    Eu nem lembro o que respondi. Mas me arrependo...

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